Monday, July 5, 2010

Uma História dos dias atuais

Duas pessoas idênticas, com a mesma idade, mesmo talento para línguas e mesma motivação, resolveram aprender inglês. Uma foi matriculada num bom curso de línguas, e a outra foi para um país de língua inglesa para morar com uma família e lá se envolver com qualquer atividade. Dois ou três anos depois, entrevistamos aquele que estudou diligentemente no curso de línguas. Ele provavelmente dirá (já ouvi isso muitas vezes):
    - A escola é boa, já terminei o Livro X e aprendi muito vocabulário, gramática ... Mas, não sei não, eu tenho um problema, me sinto muito trancado. No contato com norte-americanos, me limito a responder perguntas. Não tenho coragem de puxar um assunto. Quando ligo a televisão na CNN, não entendo nem a metade. Em reuniões com estrangeiros, só me manifesto quando a palavra é dirigida a mim; tenho dificuldade em defender meus pontos de vista, contra-argumentar. Aquelas situações do livro que eu praticava na sala de aula parecem nunca ocorrer na minha realidade. Diagnóstico: Os anos de tempo e o dinheiro investidos numa escola que enfatiza learning e adota uma marcha predeterminada atrelada a um plano didático de lições e livros, acompanhado de exercícios repetitivos, resultaram em um conhecimento parcial e memorizado a respeito do idioma, o qual entretanto o aluno tem dificuldade para transformar em habilidade funcional. Habilidade truncada; carência de espontaneidade; não consegue pensar em inglês. Autoconfiança parcialmente destruída pela preocupação com a forma correta e por uma certa dose de frustração e sentimento de inferioridade. Vontade de parar por algum tempo.
Entretanto, quando entrevistamos aquele que acabou de retornar do país de língua inglesa, depois de 6 ou 12 meses de convívio numa cultura estrangeira, vemos que ele fala com naturalidade, desenvoltura e fluência. Pensa em inglês e se sente à vontade na presença de estrangeiros. É uma pessoa que onde ouve inglês sendo falado, é com ele mesmo: tem satisfação de mostrar esta habilidade já adquirida. Facilmente consegue trabalho, inclusive como instrutor em cursos de inglês menos exigentes. Enquanto tiver contato com o idioma, continuará a desenvolver sua habilidade, de forma auto-suficiente.
Se a ele perguntarmos (já que é tão bom em inglês): - Afinal, quando é que se usa o Perfect Tense e quando o Simple Past, ou se lhe perguntarmos para explicar melhor os tais de verbos modais, ele responderá: - Não me pergunta uma coisa dessas, eu não sei nada; nunca estudei isso, eu só sei é falar.
    Diagnóstico: Pouco ou nenhum conhecimento a respeito do idioma, porém pleno domínio sobre o mesmo adquirido através de interação humana em ambiente de cultura estrangeira (acquisition). Sua habilidade pode facilmente ser transformada em conhecimento gramatical. Alto grau de desembaraço e autoconfiança. Sentimento de realização e auto-suficiência. Forte vontade de continuar. Inglês sempre fará parte de sua vida.

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